Agarrem-me a um só




"Agarrem-me, agarrem-me, para que nao continue a correr de um amor para outro, dispersando-me, despedaçando-me...
Agarrem-me a a um só"
Anais Nin

deliver

deliver me, out of my sadness
deliver me, from all of the madness
deliver me, courage to guide me
deliver me, strength from inside me
all of my life i was in hiding
wishing there was someone just like you
now that you're here
now that i've found you
i know that you're the one
to pull me through
deliver me, loving and caring
deliver me, giving and sharing
won't you deliver me?

Quero Saber


Quero saber
Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição: não nos compreender

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

marina

caminhamos por trilhos sempre envoltos no nevoeiro
que anuncia as quebras de direcção.calcorreámos estradas que se erguem
bem para lá da nossa escolha.perdemos caminhos
que tão sedosamente tentámos construir.e os passos sucedem-se
mesmo que na ausência física do que nos vai na alma
e nos preenche o coração.
perdemos a rota
mas jamais deixamos de querer voltar à nossa marina!

Decadência, simplesmente.

Mestre Teixeira desculpai-me, mas achei que isto era digno de uma autópsia, de tamanha decadência que carrega.
"Acho que dá respostas bastantes satisfatórias para muitos enigmas. Consegue levar os homens de boa vontade a saírem da dúvida acerca de si mesmo. E nesse sentido está a cumprir muito bem o seu papel. Vou contar uma experiência minha: " estava eu no supermercado mini-preço, e ficam desde já a saber que sou segurança ou vigilante, como queiram, e o empregado do mini-preço sem conhecer-me totalmente nem sequer as minhas ideiasdirigiu-se a mim e disse-me: "a minha filha tem 2 anos e sofre de asma." Peguntei-lhe: Como se manifesta o sintoma em concreto? Resposta: "fica como paralisada e com dificuldade de respirar". Pergunto: E os médicos, o que têm a dizer sobre isso? Resposta: "Eles dizem que não tem cura". Então eu disse: bem, eu tenho a resposta para isso mas desde já advirto-lhe de que vou falar de coisas que o Sr. propavelmente, se já ouviu falar, pode não entender profundamente. Pelo menos considere a título de hpótese o que lhe passarei a dizer: de facto os médicos acertaram ao dizerem que não tem cura embora não tivessem lhe explicado o porquê de não ter cura, isto é, a causa de tal doença desde a nascença. Tendo em conta que existimos depois da morte do corpo físico e que vamos retornando sucessivamente em outros corpo, a sua filho na vida anterior suicidou-se através do afogamento. Sabe perfeitamente que a sensação de afogamento são muito semelhantes aos sintomas que a sua filha apresenta, sobretudo a falta de ar. A única forma de ela se curar é presisamente sofrer no corpo esse sintoma até que o psiquismo se reequilibre. Ela morrerá disso, mas com a morte ficará curada e na próxima existência dela no corpo não nascerá mais com esse problema. O empregado simplesmente ficou emocionado como que esperasse aquela resposta. Ficou sereno."
E com esta me vou direitinho para o inferno dos infernos.

LUZ

Mi lágrima brota impetuosa de la luz que me ilumina
En cada fracción de los segudos que cumplo al respirar.

Mi lágrima me atraviesa en un surco tan profundo como
El dolor que ostento en cada solloso de mi lloro contínuo.

Mi lágrima corre célere para el mar.
Mi lágrima sorbe la inmensidad del oceano y, sin descanso
Busca mi puerto de abrigo. Tu marina.

Mi lágrima es la libertad,
eyectada en cada pedazo de segundo de la vida mia.

Mas allá de la paleta de colores que nuestras retinas consiguen contener.
Mi lágrima me hace sumergir en el seno cristalino de tu libertad.
Tan férrea, tan eterna,
que nunca la sopla el viento.

Mi lágrima eres tu.
mi lágrima persigue tu camino.

Simpre que me consume la palidez del dolor
Siempre que no me reniego la fuerza colorida de la sonrisa.


2006 joaquim amândio santos
(versão castelhana de Luz Marina Gonçalves)

para una reina siempre señora y dueña de mi castillo



Na Noite Terrivel



Na noite terrível, substância natural de todas as noites,

Na noite de insônia, substância natural de todas as minhas noites,
Relembro, velando em modorra incômoda,
Relembro o que fiz e o que podia ter feito na vida.
Relembro, e uma angústia
Espalha-se por mim todo como um frio do corpo ou um medo.
O irreparável do meu passado - esse é que é o cadáver!
Todos os outros cadáveres pode ser que sejam ilusão.
Todos os mortos pode ser que sejam vivos noutra parte.
Todos os meus próprios momentos passados pode ser que existam algures,
Na ilusão do espaço e do tempo,
Na falsidade do decorrer.
Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido -
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso - e foi afinal o melhor de mim - é que nem os Deuses fazem viver ...
Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro -
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.
Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,
Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo;
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,
Claras, inevitáveis, naturais,
A conversa fechada concludentemente,
A matéria toda resolvida...
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói.
O que falhei deveras não tem esperança nenhuma
Em sistema metafísico nenhum.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei,
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para todos os universos,
Nesta noite em que não durmo, e o sossego me cerca
Como uma verdade de que não partilho,
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível p'ra mim.
Álvaro de Campos

Lentamente

Enciendo el ultimo cigarro de la noche,
y ya olvide, cuantas veces escribi ese verso,
lo cierto es que cada noche le pongo una vela a la espera
apago las luces
apago la esperanza
apago la luna y pongo cortinas en mis ojos
viajo con el humo y me disuelvo
caigo en pedazos sobre el suelo
soy ceniza en la espera
y todavia no se como matar la ansiedad
de saber que mañana despertare otra vez.

Vivir es la mejor forma de matarse...
pero hace muy lenta la agonia.

A Origem da Tragédia

"Entre todos os seres que sobre a terra respiram e se movimentam, nenhum é mais infeliz do que o homem".

Homero, Odisseia.
Os gregos sentiam que o mundo não tinha qualquer finalidade. A sua criação não era atribuída a qualquer deus. A matéria de que era feito sempre existira e obedecia às leis que lhe eram próprias. Os deuses pouco ou nada podiam fazer para contrariar esta realidade. Como os homens também eles estavam submetidos aos mesmos ciclos da natureza: nasciam, sofriam e desapareciam quando terminava o ciclo do eterno retorno. Afastados no mundo humano, pouco mais eram do que objectos estéticos. Nenhum deus está em condições de assegurar aos homens a paz ou a felicidade. Estes estão entregues a si próprios, restando-lhes apenas viverem com sabedoria a vida, gozando o presente. Depois espera-os o horror do Hades, lugar de trevas e de silêncio, donde voltarão para reencarnarem um novo corpo, sofrerem e voltarem a morrer.


enseada
quando o mar deixa que suas ondas afaguem teu corpo,
arranco seixos da areia
e atiro raiva sem pensar.
mergulho firme nas suas ondas,
furto e torno minhas suas conchas.
deito-me então.
a teu lado.
minha mão colada à tua,
com conchas para nos sossegar...
joaquim amândio santos
para lá da película, a caminho da minha LUZ uma foto do sentimento...

Ritual dos dias

Escorrem-lhe dos lábios palavras em fio como colares de pérolas ou flores ou saliva ou sangue apenas e tecem-se nelas o espanto e a angústia de se saber a dizer o que não quer que lhe saia da alma aprisionada entre os dedos. Nem a morte o quer assim com visões do indizível colorido que teima em sonhar para além da dor dos dias. Sobra-lhe a pele em cima do frio, os gestos que os ossos permitem por abandono de vontade e o riso sarcástico da solidão que respira por entre sapatos apressados a caminho da indiferença. Como sempre hoje há apenas esmolas sem ouvidos.


Quero voar -
mas saem da lama garras de chão
que me prendem os tornozelos.

Quero morrer -
mas descem das nuvens
braços de angústia
que me seguram pelos cabelos.

E assim suspenso
no clamor da tempestade
como um saco de problemas
tapo os olhos com as lágrimas
para não ver as algemas...

(Mas qualquer balouçar ao vento me parece Liberdade.)

José Gomes Ferreira

Sandra

Sandra Araújo não via nenhum espírito maligno mas ouvia-lhe a voz atrás da porta do quarto. “Vou-te matar, és muito bonita, vou-te matar, és muito bonita… era Satanás, era”, convence-se.
Esbugalha os olhos, é uma mulher bonita, de 35 anos que soma 20 de internamentos.
O delírio é quase constante. “Fui ao Tallon, pesava 95 quilos. Agora tenho 95 quilos, 1 metro e 70. Media 1 metro e 69,7, pesava 120 quilos. Quando fui ao Tallon pesava 120 quilos, não, 130. Fui ao Tallon e estraguei a minha vida toda. Comecei a ter náuseas, alucinações, alucinações, desmaiava, não queria comer, não queria comer. Estava a tomar os medicamentos mas fazia mal. Em vez de tomar um, tomava 3. Para emagrecer depressa”. Resultado: “Em 15 dias passei de 130 quilos para 53. Parece mentira mas é verdade”, afiança.
Como é verdadeiro, mas só para ela, que em Julho vai passar 3 meses na Noruega, com um irmão e que no próximo ano, tem alta.
“Aqui há muita força oculta, coisa que eu não admito. Mas muita força oculta que aqui há! Magia negra! As enfermeiras negras e mulatas é que fazem disso, há muito feitiço que não consigo tirar”, acusa. Identifica as macumbeiras porque mascam pastilha elástica, rangem os dentes, mas já foram todas mandadas embora, a primeira enfermaria de mulheres é agora um lugar muito mais seguro.

Atrás de muros de 4 metros – e arame farpado – os doentes de evolução prolongada sentem-se protegidos.
Sem família ou por ela rejeitados, porque é mais cómodo mantê-los no hospital, o seu número vai diminuindo, à medida que cedem à idade e à doença.

Hoje, Jaime Amaro não despe o pijama. Sábado é dia de folga e o homem que o Partido mandou para uma pensão de Alcobaça e de lá para o Hospital Miguel Bombarda quer apreciar o seu descanso.
Quando pode, aproveita para voltar à carga. “Eu estava bom, estava lúcido! Como estou agora, ao pé de si, a falar bem. Sabe bem que eu sou lúcido, não sabe que eu sou lúcido?”
Um bocadinho desorientado, emociona-se.

Américo

Pequeno, cabelo escuro, tez queimada pelo sol, Américo soma 36 anos de internamento em 56 de vida. “A minha mãe foi fazer queixa de mim e foram-me buscar. Dava-me mal com a minha família, batia-lhes. Dava-lhes pancada. Estava excitado”.
“Vai comprar! Vai comprar! Vai comprar!”, dispara a todos os que lhe pedem cigarros. Américo é um fumador compulsivo. Um homem impaciente. Com pressa de estar noutro lugar. “Davam-me tanta medicação, um gajo avaria logo, ficava logo avariado” despeja, um tanto agastado.

“Um dia abri a porta e a primeira coisa que vi foi uma pistola apontada. Entrou um grandalhão a gritar ‘Quero ser tratado! Quero ser tratado! Quero ser tratado!’ De repente parou. ‘Eu quero ser tratado antes que mate alguém. Por isso vim aqui. Faça o favor, aqui está a pistola, senhor enfermeiro. Antes que mate alguém fale com o médico para me tratar’”. Salvou-o um momento de lucidez. A pistola tinha uma bala na câmara, era só premir o gatilho – conta o Enfermeiro Carlos Magalhães, há 30 anos a lidar com a doença mental.
“Vi um outro doente atirar-se à cabeça de uma enfermeira com um ferro. Ela tinha um diabo a trepar-lhe pelas costas acima e o homem entendeu malhar no próprio demónio – a intenção era a melhor”.

Francisco

Com 68 anos de idade e 45 de internamento Francisco Costa ainda arranja força – ou raiva – dentro dele para protestar. Enquanto pôde ajudou a família na lavoura. Não conheceu a escola. Depois o pai deixou-o à porta do hospital a segui a um ataque de epilepsia. “Nunca mais fui para casa porque ninguém quis ficar responsável por mim”, arrasta as palavras. Sente-se abandonado. E foi.
“Depois de vir para aqui é que me ensinaram a ler e a escrever. Sei ler as letras de ‘empresa’”.
Entra no quarto simples, um armário, 3 camas de ferro, a mobília básica dos quartos dos doentes.
As paredes sem fotografias, sem imagens de familiares. Para quê?

Almerinda

“Eu, para lhe dizer a minha idade, não sei dizer a minha idade… tenho para aí uns 60 anos. Estou cá há uns anos”. Almerinda perdeu o fio do tempo algures nos 55 anos de internamento e 78 de vida. Sabe que uma mulher a trouxe de Olhão para o Hospital mas esqueceu que essa mulher era sua madrinha. “Eu doente não estava. Não tinha nada, ela não gostava de mim…” lamenta. Esqueceu também o desgosto que sofreu, rotulado de “traumatismo afectivo” na sua ficha de admissão.
“Gosto de estar no hospital… estou à espera que me venham ver… a família!”.
Almerinda esperou toda a sua vida as visita que não vieram. O estado de apatia em que vive não permite que se revolte.

Vitória

Alentejana de Odemira, aos 65 anos passou quase metade da vida no hospital. Do tempo que passou lá fora guarda as recordações que quer e constrói as que queria.
“Conheci o pai da minha filha, conheci-o. Na Tóbis Portuguesa, onde faziam filmes, no Lumiar. Eu trabalhava lá também, na costura, para os americanos que vinham cá fazer filmagens e precisavam de costureiras para o guarda-roupa”.
O pai da filha era produtor de cinema, mais velho do que ela. Juntaram-se e foram viver para a Rua das Taipas, em Lisboa. Depois ela adoeceu.
“Comecei a bater à minha filha com uma vassoura, para matar as bruxas, comecei a ouvir vozes. Sentia que havia bruxas dentro de casa”.

Custódio

Os doentes crónicos, também chamados de evolução prolongada ou residentes, partilham a unidade com os agudos, os temporariamente internados, à espera de alta hospitalar. Os crónicos, esses, só saem mediante “alta divina” – quando Deus quiser.
Custódio Zorro já conhece a data da sua: “Ouço uma voz que me diz que vivo até aos 294 anos”.
O “Músculos”, assim apelidavam este alentejano quando trabalhou nas obras em Lisboa, soma 61 anos de vida e 21 de internamento. Atira as culpas para os 27 meses de comissão no Ultramar, em Angola. “Foi difícil, não sei explicar”, esquiva-se, olhos húmidos colados ao chão, à procura de uma resposta.
Em 1972, quando voltou à Metrópole não tinha rédea nos nervos. Começaram os internamentos intermitentes.
“Atirei-me para um poço. Não me queria matar mas fui obrigado a isso porque as vozes diziam – atira-te ao poço! Despi-me, fiquei só em trusses e camisola interior”.
Na cabeça de Custódio estão trancadas vozes há mais de 30 anos. “Elas têm sido más. Dizem atrocidades em relação a mim. Tenho a impressão de que é o radar do Vaticano, ouço a voz do Santo Padre, do Papa João Paulo II, ouço a voz dele, ouço a voz do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Dizem-me coisas de que não sou apreciador, chamam-me homossexual”.

O drama de Custódio Zorro é saber que o que se passa na sua cabeça não é real, mas não compreender como escuta, de facto, uma impossibilidade.



No Miguel Bombarda o impossível está sempre a acontecer.
O homem que passeia pelo hospital com as mãos às cambalhotas como um malabarista, está é mesmo a puxar o intestino para fora da barriga, escoltado pela sua múmia de estimação. A Rainha de Portugal sai de vez em quando para ir ao banco reclamar o seu dinheiro, seu por poder legítimo e título. O primo do ex-líder dos socialistas espanhóis, Felipe Gonzalez, reivindica o direito dos doentes à dignidade e ao respeito. O verdadeiro noivo da Rainha Isabel II de Inglaterra marcha de um lado para o outro, sempre apressado, queixo erguido, cabelo puxado para trás, barba branca, algum orgulho ferido: em 1957 planeou matar o Duque de Edimburgo, o homem que lhe roubou a amada mas internaram-no no hospital antes que tivesse a hipótese. Até hoje.

“A esquizofrenia é o paradigma da doença mental: a pessoa não se sente doente, quem está doente é o outro. É uma doença que aparece na juventude – e quanto mais cedo pior. Faz-me lembrar A Metamorfose do Kafka: as pessoas acordam e são uma borboleta. E falam com uma convicção inabalável. De facto, é impossível dialogar com elas”, explica João Sennfelt, psiquiatra há 33 anos no Hospital Miguel Bombarda.

Jaime

Nessa altura já sentia uma pressão incómoda na cabeça e, incapaz de se defender, foi internado pelo Partido na Pensão residencial de Lisboa, em Alcobaça.
“Mandavam para lá tudo. Fui para lá depois de terminar com a Narcisa. Havia alguns 200 ou 300 homens, andava tudo entre os 40 e os 50 anos. Foi um partido que me lá pôs, mas não digo quem foi! Não o gramava, ainda hoje não o gramo! O Partido lixou muitos com essa brincadeira!”, enerva-se.
Um dia revoltou-se. Jaime recusou beber o café que a empregada lhe servia. Ela também era do Partido. Desconfiou daquela bica.
“Vi logo que eram coisas para me fazer mal, para me tramar”. Tinha droga.
A mulher, desmascarada, chamou os bombeiros e Jaime foi levado para o Miguel Bombarda.