Falámos, melancólicos, às três da madrugada, tristes, não demasiado bêbedos, naquele ruidoso bar para noctívagos. Curiosamente, insistimos no tema da morte, e recordou-me outras conversas, outro tempo, embora neste momento, fosse uma morte próxima - muito pouco literária -sórdida e tangível como as manchas da toalha. Na porta ao sair ficámos sérios, sabíamos que de novo nos separávamos e fingimos esquecê-lo com uma expressão banal. Hoje, não sei porquê, voltam essas imagens e gostaria de reviver aquela noite, nem melhor nem pior, o que foi, simplesmente. Reter por um momento, só por um momento, a humidade dos teus olhos, o rito do teu sorriso ,o que me chega como uma pintura desbotada, ou como, ao despedir-nos, as gotas de chuva no vidro do carro, a desenharem um caminho, a resvalarem, a apagarem-se.



Juan Luis Panero

INFORMAÇÃO


Caro(a)s Bloggers,


A NEGRA TINTA EDITORIAL tem o grato prazer de lançar a obra “CÂMARA ESCURA (revelação), do poeta Joaquim Amândio Santos, com prefácio de António Lobo Xavier.

Sendo esta obra mais um trabalho nascido de um escritor cuja carreira foi lançada na blogosfera, a exemplo das edições previstas e possíveis no futuro próximo desta editora, será importante contarmos com a honra da presença de bloggers nas diversas acções de lançamento da obra.

Nesse sentido, solicitávamos indicação de morada ou preferência por receber o convite por mail para negratinta@gmail.com, bem como qual dos eventos escolhem para nos honrar com a sua presença.

Lançamento e Apresentações:

31 de Maio Funchal

8 de Junho Penafiel

14 de Junho FNAC Norteshopping, Porto

28 de Junho FNAC Chiado, Lisboa

5 de Julho FNAC Coimbra

Aproveitámos ainda para solicitar que qualquer manuscrito que entendam colocar à consideração desta editora para possível publicação, seja enviado por este mail, ao meu cuidado, estando previsto editarmos até 4 obras, nascidas na blogosfera, até Março de 2008.

Saudações Literárias,

Nélia Maria Pereira

Edições e Comunicação

NEGRA TINTA EDITORIAL

era assim...


Era assim:
queres?

queres algo?

queres desejar?
desejas querer?
desejas-me?
desejas querer-me?
queres desejar-me?
queres querer-me?
queres que te deseje?
desejas que te queira?
queres que te queira?
quanto me queres?
quanto me desejas?
ah quanto te quero...
quando te quero
quando me queres...
Ana Hatherly

Volátil






-¿ Y como te sientes hoy?

A veces me siento como si estuviera parada al borde de un precipicio
donde te da más miedo caer hacia el cielo con los ojos cerrados
vértigo invertido…

Con este frío que cala sobre todo por las noches
cuando la soledad pone una silla cerca de mi cabecera
y se pone a contar uno a uno mis temores

Ansiosa,
Como cuando sueñas con el mar embravecido
y no recuerdas como nadar…

Esperando,
Ya no se si es eso o es mera inercia
a veces simplemente no quiero moverme
para no volver a caer
cuando lo único que caen son gotas de mis ojos
pero no se lo digas…

En cuanto a la ausencia que han dejado en mi almohada
del sonido de su voz o de sus letras
siento que ambos me han olvidado
o quizá se aburrieron de mí…

Suicida,
A veces siento como mi dedo apunta a mi sien
donde sigue taladrando el silencio
hay noches que mis culpas atan una soga a mi cuello
pero son demasiado cobardes para terminar de apretar…

Volátil,
Soy como la bomba atada al cuerpo de un kamikaze
una granada de mano sin seguro
un inestable elemento químico apenas descubierto
un rompecabezas de piezas incompletas…

Claro todo esto solo lo he pensado, después de una pausa inclino la cabeza tratando de ser convincente mirando al infinito y digo:

- Bien, me siento bien…