Tardas





quando chegas eu ja parti...

dedicado aos amigos decadentes ;)



um dia
virás aqui ler-me
tu ainda não sabes

das gaivotas que tombam
nem dos tigres velozes
nos meus ouvidos
um dia
saberás da luta das aves
e do tremor da terra
enquanto fumas

*
um dia
virás aqui ler-te
eu ainda não sei
das correntes mudas que prendes
nem das cutículas pendentes dos teus dedos
nos meus dentes
um dia
saberei do cheiro que guardas fora dos livros
e do poema que amas
na porta do meu corpo
*
um dia
virei aqui ler-me
tu ainda não sabes
da região do vinho do meu sangue
nem da curta metragem das horas
nas tuas cordas vocais
um dia
saberás do tempo
e do interruptor
que apaga o medo
*
um dia
virei aqui ler-te
eu ainda não sei
das patas nervosas que aumentas
nem dos olhos cansados
na pele do meu rosto
um dia
saberei dos dias que matas
e dos cadáveres
que comes ao jantar
*
um dia
viremos aqui ler-nos
ainda não sabemos a data
que escorre na janela
nem a saliva do beijo
da mulher que te pede um cigarro
um dia
saberemos ser dia
depois da madrugada

¿Porque escribir en un blog?

Escribir en un blog desnudando en letras mi alma suele ser a veces agotador, puedo preguntarles a cada uno de ustedes cuales son los motivos por los cuales aportan a este blog esta explosion de emociones salpicadas de sueños, ilusiones, pasion y sentimientos aun cuando en lo personal yo no intento cuestionarlos y yo podria decir que lo hago simple y sencillamente me gusta.

Cada uno de nosotros nos exponemos a ser examinados, criticados, halagados y otras reacciones a cada uno de las temas que aportamos por el simple hecho de escribir en espacios publicos, yo por diversas cuestiones he ocasionado con mis escritos distintas reacciones tanto positivas como negativas, a veces no es mi intencion hacerlo, simplemente pasa y respeto la opinion que cada persona haga sobre este personaje que es eyrenne.

Pero me he dado cuenta como en ocasiones estas reacciones nos pueden llegar a afectar, nos sentimos tocados por manos invisibles que nos hacen sentir a veces intimidados, tomamos decisiones que nos pueden salvar de dejar de sentirnos asi, en ocasiones estuve tentada a borrar mi blog y alejarme de este personaje anonimo pero finalmente reflexionando me doy cuenta que eso en realidad no resuelve nada, prefiero en cambio tomar lo mejor de estos espacios, las personas maravillosas detras de los ordenadores, las palabras que se vuelven mundos fantasticos y las emociones que comparto con ustedes. Y no permitir que las situaciones negativas me afecten, ya tenemos con nuestros propios problemas personales.

Asi que espero que sigan dejando fluir sus emociones, que escribir sea para ustedes tan liberador como lo es para mi, que sigan encontrando en estas letras, en estos espacios emociones compartidas y brindo porque continuen siendo estos maravillosos personajes llenos de exquisitos matices que bañan mi alma.

Abrazos para todos.

a alice mora aqui

O "paralelas divergentes", o "autópsia da decadência", o "as palavras por dentro" são, à semelhança dos espaços próprios de cada um dos seu autores, apenas cores distintas de uma única bandeira, a da liberdade, igualdade, fraternidade, amor, justiça...
a descrição do "palavras", na sua última edição canta:

"Também aqui se dá livre curso ao Espaço ocupado por seres imaginários que
correm à rédea solta por locais de tristeza e felicidade, de sexo e de emoção,
de violência e de paz, de deuses e de homensespaço povoado de palavras que não
querem necessariamente dizer alguma coisa, não querem necessariamente apregoar a
verdade ou ter a razão do seu lado… são palavras apenas ou qualquer coisa mais
mas sempre democráticas, anti-fascistas, anti-violência, anti-racistaspró paz,
pró-humanidade, pró-desenvolvimento saudável dos povos e, claro... muito, mas
mesmo muito pró-imaginação
enfim, é um espaço de fé, como a fé do cão que continua a rodar sobre si
próprio tentando morder a cauda...... e é grátis...
Existe uma língua comum a todos os participantes neste espaço: a
LIBERDADE"

É pois, com muito pesar, que registo o que se passa no mundo da Alice.
No entanto, é com alegria que digo que esta continuará a frequentar estes espaços.
Quando queira.
Como queira.

queridos amigos
por motivos de foro pessoal
terminei hoje o meu blog privado
gostaria de saber
se pretendem que continue a publicar neste espaço
aguardarei a vossa resposta
e respeitarei a vossa decisão
um grande beijinho
alice

E o resto é silêncio...


E então ficamos os dois em silêncio,
tão quietos como dois pássaros na sombra,
recolhidos ao mesmo ninho,
como dois caminhos na noite,
dois caminhos que se juntam num mesmo caminho...

Já não ouso... já não coras...

E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha
que qualquer palavra bateria estranha como um viajante, altas horas...

Nada há mais a dizer,
depois que as próprias mãos silenciaram seus carinhos...

Estamos um no outro
como se estivéssemos sózinhos...
J. G. de Araújo Jorge

So...Tired

Não.
Ninguém saberá o que aconteceu.
Estou muito cansado.
Apetece-me dormir até morrer.

José Luís Peixoto

recebi hoje estas palavras

"Alice...reza a rua oração o teu "Pai Nosso" em poema que fizeste.Não me links...deixa-me em paz...quem te quizer visitar ja tem o teu link aqui, no blog coração de pedra, no verso deste. Se me quizeres ajudar...mostra-te, já algumas pessoas o fizeram...muitas das pessoas que estão aqui, encontraram-se comigo.Queres vir? Acho que tu me poderias ajudar imenso, mas pessoalmente...Sabes esta raiva contida que não se satisfaz apenas nas teclas dum computador...Talvez se tivesse o teu pescoço nas minhas mãos...ou a tua orgasmica cabeça debaixo das minhas botas de montar...Isso sim ajudar-me-ias imenso...Fico à espera da resposta...doce Alice"

Quiero liberarme


Quiero soltar las cuerdas que me atan a mi tristeza,
esos finos hilos metálicos que se encarnan en mi piel
y me mantienen en lo más hondo de la desolación.
Desatar uno a uno mis ocultos temores acumulados,
esos que van cayendo como gotas por mis mejillas
y forman como soldados el espejo de mis decepciones.
Liberar mis manos de sus inútiles nudos lacerantes,
esos que no las dejan convertirse en alas y volar
y que mantienen como estacas los pies fijos en el suelo.


Não é o grito
A medida do abismo?
Por isso eu grito
Sempre que cismo
Sobre a vida
Tão louca e errada...

– Que grito inútil!
– Que imenso nada!


Vinícius de Moraes

E ao anoitecer

e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia


Aviso à Navegação (eh eh eh, também eu!)

Já devem ter reparado que o blog tem um fundo novo... pois é!, cá o Jigoku resolveu usar e abusar dos privilégios de administrador cá do sítio, em dia que tenho pouca coisa para fazer.
Qualquer reclamação pode ser enviada para o e-mail do bicho (king.samsa@gmail.com), ou se preferirem, simplesmente apaguem e ponham como estava. A mim já me chateava tanto negro carregado, mas nem todos gostamos das mesmas coisas, né?
Abraços a todos.

I never found a home inside of you

Not Me

It may be as you say.

I'll admit.
But you don't sound convinced.
Between the surface you and the surface me.
You didn't touch me.
It may be as well that,
I didn't see the point.
You didn't touch me
I suppose it's just hollow.
No idea-no spark.
When I thought that in order to survive.
You need to touch me.
All of the me's.
This Mortal Coil

outra vez






se cai a noite entre paredes que consomem de mim
a sanidade que um dia julgaria vir a possuir

- a salvo de tudo o que me proteja dos demónios -
fito o escuro vazio do branco onde perco a minha alma
que se torna negra como um anjo na descida

- nesta geometria encaixotada que me priva o céu aberto -
as estrelas do teu nome brilham dentro do meu eu que não conheço
cantam sábias petulâncias em tons serenos de chamamento


«fecho os olhos e estou lá no amanhã que nunca vem
e danço as letras do teu nome em sinal de finalmente»



Nao tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...

( Só a negar-te eu pude combater
o terror de te ver em toda a parte)

Miguel Torga

Mis dos sombras

Camino con mis botas de suelas desgastadas, al lado mi sombra dócilmente me sigue los pasos y la veo andar cabizbaja con las manos en sus bolsillos.

Allá, detrás de los árboles, miro de reojo a mi otra sombra, esa que se me escapó cuando perdí uno de los tacones de mis botas, se agazapa como gato para reir en silencio de mi tristeza.

Y me apresuro a llegar al final de la calle oscura para dejar de escuchar las risas sordas de mi otra sombra que ha brincado de jardín en jardín escondiendose entre las ventanas oscuras de las casas por donde me vigila con ojos huecos.

Mis pasos se escuchan como tambores entre las piedras y veo a mi sombra correr conmigo abotonándose el abrigo que el viento le ha abierto como capa de vampiro, la veo mirar atrás intentando escapar de mi otra sombra que ha brincado a las ramas de los árboles y nos persigue profiriendo maldiciones y riendo como demente.

La luna se esconde tras de las nubes espesas y las sombras se hacen enormes, se deforman y se funden en una sola y escucho las risas ahogadas de mi otra sombra confundiendose con el viento, me quedo parada en silencio y me hundo en la oscuridad en esa calle que nunca termina.

Crónica de uma Cidadã Comum (primeira)

Caros Vizinhos,
Apresento-me, Crónica de uma Cidadã Comum, doravante vossa amiga CCC.

Venho relatar-vos a minha última viagem.
Queiram aceitar uma boleia ao longo de 700 quilómetros de actos falhados entre uma cidade portuguesa e a Serra da Estrela.

Data: ontem, 5 de Março de 2006
Programa: despertar às 05h30 (sem comentários), vestir roupa de inverno e tomar pequeno-almoço (iogurte de tutti fruti com dois bonbons lá dentro).
Ponto de Encontro: na garagem (a minha é o 21 e a vossa?).
Hora de saída: 06h55 (cumprir 5 minutos antes das 7 escrupulosamente).
Até aqui, a parte feliz da minha manhã.

Primeira escala: área de serviço de uma auto-estrada portuguesa (irrevelável, claro).
A fila das senhoras para a casa de banho transbordava a porta principal da cafetaria, esperei meia hora para poder entrar, aí chegada: não havia papel, mal havia água, não havia sabão, não havia secador das mãos, havia um anúncio na porta “se gostas de sexo, liga-me, sou camionista” e houve a simpatia de uma senhora que distribuiu lenços de papel.

Quando cheguei ao bar, não havia pão, não havia croissants, só havia garrafas de água de litro (eu prefiro as pequenas), não havia guardanapos (e a senhora dos lenços de papel já tinha saído).

Tolerância Zero:
Seguíamos na faixa de rodagem da direita, quando avistamos umas placas amarelas (tortas) a indicar desvio à direita.
Como nenhum dos destinos mencionados nos interessava, continuamos em frente.
Continuamos nós e outras viaturas, concretamente autocarros de turismo guiados por condutores profissionais.
Isto tudo para vos dizer da maior gravidade a que assisti numa estrada portuguesa: entramos todos em contra mão!
Não havia linha (dupla) contínua, não havia pinocos ou qualquer obstáculo à nossa passagem, e (deus existiu ontem) não havia veículos de frente (pelo menos naquele momento).

Chegados a um ponto de alargamento da via, interrompemos a marcha dos veículos em sentido correcto, fizemos inversão de marcha, passamos ao lado do local do crime, não havia ângulo possível de manobra para aceitar as indicações amarelas e fizemos o percurso inverso até à saída anterior, gerando um atraso irremediável.

Aventura na Serra:
Subida à torre antes de almoço: proibida pelos agentes da GNR (nunca estão onde são precisos).
Subida à torre depois de almoço: impossível.
Dado o cansaço, a frustração e o vinho do almoço, decidimos fazer uma sesta.
Mal estacionamos, chegaram os tocadores de tambores (é assim que se chama?).

Enquanto eles fizeram barulho, um homem caiu no meio da neve.
Alguém que estava perto desse homem, veio o mais rapidamente que pôde chamar ajuda.
Passado um quarto de hora chegou a GNR.
O homem continuava imóvel. Uma pessoa humana, se é que me faço entender.
Os agentes entraram na neve e só trouxeram o indivíduo para terra firme passado meia hora. Ou seja, o homem estava inconsciente há três quartos de hora.
Nisto, chegou uma ambulância (os vossos aplausos por favor) e socorreram-no.

Durante o tempo em que os agentes se ausentaram para resgatar o ferido, um magnífico cão polícia da raça “pastor alemão” ficou inadvertidamente livre no meio das pessoas de todos os tamanhos e dos carros em constantes manobras de desempanagem.
E as crianças tiveram medo.

Regresso a casa.
Última escala: área de serviço de algures.
A cafetaria tinha uma enorme prateleira coberta de revistas cor-de-rosa.
Não havia um único jornal (o 24 horas excluído naturalmente)

Moral da história:
A neve, meus amigos. A neve estava lá. Absurda. Nua. Majestosa. E a água. A água corria sempre. Livre. Rápida. A cair sobre a neve. A violar o gelo. E não há nada mais pornográfico do que a natureza. E tudo isto existe. Tudo isto é fixe. Tudo isto é DADO. Para todas as idades. Numa serra perto de si.

(todos os factos foram devidamente documentados)

A Vossa CCC