Presença
autópsia de Mia
SUSSURRO-TE...

Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,enfim,
.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,
....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.
Mario Quintana
autópsia de Mia
Os ombros suportam o mundo
Os ombros suportam o mundoChega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
autópsia de Mia
shiuu...

As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.
Sophia de Mello Breyner Andresen
autópsia de Mia
repara...
repara, então... vê essa curva de caminho que se amplia em metáforas carnudas e húmidas... contorna-a com a ponta do dedo, só desse, e alinha-te, torna-te visível nos meus olhos fechados e espírito fremente. deixa então que o meu hálito se torne carne e aprenda contigo os segredos húmidos de sabores que escondes... assim... quando sorris como se nada se passasse. aprendo-te, pois, passo a passo, nas crateras que expões entre sedas e fumos plácidos... obviamente anónimo
autópsia de Mia
Ocultando mis miedos
lume
amas ou finges morrer
pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas
é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves
já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes
al berto
autópsia de Mia
REQUIEM II
protection
Sometimes you look so small,
need some shelter
Just runnin round and round,
helter skelter
And I lean on your fears
Now you can lean on me
An that's more than love
That's the way It should be
Now I can't change the way you feel
But I can put my arms around you
That's just part of the deal
That's the way i feel
I put my arms around you
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
Massive Attack
Vago como o AMOR
Deixo-me ir
(letting go)
A preencher os dias,
faço-o com a minha arma principal; a voz que tenho.
Muda.
Ainda há quem a oiça.
O que é o amor, afinal?
AUTÓPSIA DA DECADÊNCIA
Agora vamos todos esquecer Gisberta se é que alguma vez a lembramos. É que ela nunca apareceu na televisão... existirá?
Adeus, Gi.
autópsia de Carlos José Teixeira



