viúva negra


Eu já não sei se o que me prende à teia
É a promessa do que nunca vem
Eu tenho medo de um dia acordar
E perceber que não amei ninguém.

Ah se eu pudesse me livrar de ti
Tudo eu faria sem pestanejar
Mas quantas vezes eu lhe disse adeus
E lhe deixei voltar.

Teu veneno se tornou o vício
O exercício da alucinação.
Como um diabo me faz rastejar
Uma deusa é minha salvação.

Eu já nem quero ver pra crer, Deus
Pra não saber a mortal que é
Muito pior do que perder você
Será perder a minha fé.

Talvez o tédio ame a loucura
Talvez a cura de outra solidão
A tua luz me atraiu à teia
E a tua teia atéia me traiu.

Mas o fascínio da viúva negra
É o veneno quando causa o amor
E o macho devorado aos poucos
Tem prazer na morte nunca dor.

Viúva Negra
(Eduardo Rangel)

Eis que me revejo neste deliciosamente canibalesco acto de amor
exacerbado até ao extremo de quem sente na pureza da emoção!
Eis que as palavras se armam em canção e entoam rezas divinas,
encantamentos firmes,
prenhes de devoção.

ao amor, como convém, como assim deve ser para o ser. sempre.
tocado pelos favores da perfeição.

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