a_mar beija-me, beija-me o primeiro beijo uma vez mais. fecha os olhos em antecipação do frémito do corpo que amaste um dia, desenha-lhe agora hálitos confusos, serpentinas no tempo, espirais de vontade. cala-me os lábios com um sorriso e depois, calmamente, com cuidado, descola-te de mim sem adeus. ou façamos um beijo desesperado, desalmado. só corpos suemos cascatas de prazer sentido no limite da consciência, ou percamo-la, até. beija-me como se a memória fosse a última das derrotas, beija-me no presente, por quem sou. beija-me então sem sentido, sem rectidão, dá-me o beijo imoral. beija-me ao engano, perde-te por mim fora e oferece-me aos deuses da morte se quiseres. mas beija-me o primeiro beijo. e esse, por favor, guarda-o só para mim. |
autópsia de Carlos José Teixeira
1 comentários:
deixo-te beijos, muitos
jocas maradas de a.mar
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