Vou-me sentar aqui, respirar até doer
as coisas possíveis nunca reais;
aprender, nó a nó, como te soltas.
Vamos cair num poço, sem bússola e pára-quedas,
vamos ser o primeiro amor a dois no mundo.
António Franco Alexandre
autópsia de Mia
Eu sou o anjo do desespero. Das minhas mãos distribuo a embriaguês, a estupefacção, o esquecimento, gozo e tormento dos corpos. Meu discurso é o silêncio, meu canto o grito. À sombra das minhas asas mora o terror. Minha esperança é o último suspiro. Minha esperança é a primeira batalha. Eu sou a faca com que o morto arromba o seu caixão. Eu sou aquele que será. Meu descolar é a sublevação, meu céu o abismo de amanhã. [Heiner Müller]
Vou-me sentar aqui, respirar até doer
as coisas possíveis nunca reais;
aprender, nó a nó, como te soltas.
Vamos cair num poço, sem bússola e pára-quedas,
vamos ser o primeiro amor a dois no mundo.
António Franco Alexandre
autópsia de Mia
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