por António Aleixo
Sou humilde, sou modesto;
Mas, entre gente ilustrada,
Talvez me digam que eu presto,
Porque não presto p’ra nada.
Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.
Tu não tens valor nenhum,
Andas debaixo dos pés,
Até que apareça algum
Doutor que diga quem és.
À guerra não ligues meia,
Porque alguns grandes da terra,
Vendo a guerra em terra alheia,
Não querem que acabe a guerra.
Depois de tanta desordem,
Depois de tam dura prova,
Deve vir a nova ordem,
Se vier a ordem nova.
Eu não sei porque razão
Certos homens, a meu ver,
Quanto mais pequenos são
Maiores querem parecer.
Vemos gente bem vestida,
No aspecto desassombrada;
São tudo ilusões da vida,
Tudo é miséria dourada.
TUDO É MISÉRIA DOURADA!
3 comentários:
É humilde, é modesto, mas é dos nossos maiores poetas! Essa é que é essa.
Perdoem-me a ignorância (são tantas em relação a Portugal!). Não conhecia. Perfeito, em simplicidade e mensagem. O hábito não faz o monge, isto é fato. Mas quanto monges falson encontramos por todo lado!
Muito belo!
quantos e não quanto. Cinzas no teclado!
falsos (tirem o "n" por favor!)
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