Quando pouco na vida nos consola do tempo, esse verdugo indiferente, por vezes, muito raramente, na monotonia da noite, entre repetidos sonhos, surge uma imagem que reflecte o desejo que deixamos aí e um rosto - a sua remota aparência - reconstrói um intenso instantâneo da felicidade.
Quando tão misterioso privilégio nos chega, acordar em seguida é viver o inferno:
não aquele jogo grotesco de chamas e demónios, mas o demónio da luz de novo, o fogo do primeiro cigarro.

Juan Luis Panero



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