touch...


Tocas um corpo, sentes-lhe o repetido tremor sob os teus dedos, o cálido andamento do sangue. Observas-lhe o lânguido amolecimento, as suas sombras corporais, o seu desvelado esplendor. Não há palavras. Tocas um corpo; um mundo enche agora as tuas mãos, empurra o seu destino.Estira-se o tempo nos pulmões silva como um chicote rente aos lábios. As horas, o instante, detêm-se, extrais aí a tua pequena parcela de eternidade. Antes foram os nomes e as datas. A história tão clara e lúcida de dois rostos distantes. Depois aquilo a que chamas amor, talvez se transforme em promessa arrancada, muro erguido que pretende encerrar aquilo que só em liberdade pode ganhar-se. Não importa, agora nada importa. Tocas um corpo, nele te fundes, apalpas a vida, real, comum. Já não estás só.

Juan Luis Panero

1 comentários:

Joaquim Amândio Santos disse...

e no toque ínfimo depositamos a essência do todo!