Ficou vazio o teu lugar à mesa. Alguém veio dizer-nos que não regressarias, que ninguém regressa de tão longe. E, desde então, as nossas feridas tem a espessura do teu silêncio, as visitas são desejadas apenas a outras mesas. Sob a tua cadeira, o tapete continua engelhado, com a tua ida. Provavelmente ficará assim para sempre. No outro Natal, quando a casa se encheu por causa das crianças e um dos nós ocupou a cabeceira, não cheguei a saber se era para tornar a festa menos dolorosa, se era para voltar a sentir o quente do teu colo.
Maria do Rosário Pedreira
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