Mas não me preocupa ser desconhecido
No meio destes corpos quase contemporâneos,
Vivos de modo diferente do meu corpo
De terra louca que pugna por ser asa
E alcançar esse muro do espaço
Que separa os meus anos dos teus futuros.
Quero só o meu braço sobre outro braço amigo,
Que outros olhos partilhem o que olham os meus.
Embora não saibas com quanto amor procuro
Por esse abismo branco do tempo que virá
A sombra da tua alma, para dela aprender
A ordenar minha paixão por uma nova medida.
Luís Cernuda
Quanto ao silêncio:
bem entendido, amor, vem o seu tempo de calar.
Quem diria do retorno, quem diria.
Quando ao silêncio:
Quando ao silêncio:
onde íamos amor, neste inventário?
os dias frios, ó rios de inóspita jusante.
Quanto ao silêncio:
os dias frios, ó rios de inóspita jusante.
Quanto ao silêncio:
faz as malas, amor, para o inverno.
O sul existe.
E a esperança novamente a monte.
E a esperança novamente a monte.
A. M. Pires Cabral
...and you drink a little too much and try a little too hard. And you go home to a cold bed and think: ‘That was fine’. And your life is a long line of fine.
Gillian Flynn
Ao fim de todas as explicações nós esbarramos contra o facto em bruto e vertiginoso de tudo ser o que simplesmente está aí, sem explicação nenhuma.
Vergílio Ferreira
É porque existe o desejo, o olfacto, e o medo, e os vivos apaixonam-se por outros vivos,
e lembram-se, por vezes, do enorme número de mortos;
e dentro destes há alguns que os fazem desligar a luz e o trabalho,
e o quotidiano aí já não basta,
porque o coração tem em certos dias um orçamento incomportável.
Gonçalo M. Tavares
Subscrever:
Mensagens (Atom)