Eu hei-de amar uma pedra*


Nunca bom dia, boa noite, bom ano. Nunca obrigado. Nunca falar. Nunca necessidade de falar. Tudo fica mudo, longe.(...)Todos os dias tentamos matar-nos, matar. Não só não nos falamos como não nos olhamos. A partir do momento em que somos vistos não podemos olhar. Olhar é ter um movimento de curiosidade para, e por, é descer. Nenhuma pessoa olhada vale o olhar sobre ela. É sempre desonroso. A palavra conversa é banida. (...) Estamos juntos numa vergonha de princípio que é ter de viver a vida.

Marguerite Duras in O Amante
António Lobo Antunes*

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