Para sobreviver à noite decidimos perder a memória. Cobríamo-nos com musgo seco e amanhecíamos num casulo de frio, perdidos no tempo. Mas, antes que a memória fosse apenas uma ligeira sensação de dor, registámos inquietantes vozes, caminhámos invisíveis na repetição enigmática das máscaras, dos rostos, dos gestos desfazendo-se em cinza. Escutámos o que há de inaudível em nossos corpos. Era quase manhã no fim deste cansaço.
Al Berto
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