Olhas para além do muro... e o que vês?
O tempo para além do tempo, a tarde que não chega, ou a noite que vai chegar quando menos a esperas, uma última ave no limite do céu, pedindo-te que a não sigas. Mas não cedas ao abraço da árvore, ao apelo das raízes, à melancolia de um desejo de horizonte. Encosta-te a esse muro, sabendo que ele desenha o espaço que te foi dado, e que as tuas mãos descobrem no frio da pedra. Não te resignes ao que existe. A ave que desapareceu por trás da colina conhece o caminho que os teus olhos procuram.

Nuno Júdice

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