o inevitável desejo

O crepitar do sal diz que os teus lábios se encerraram para todo o eternamente. Primeiro: a tua palavra basta para demonstrar que é morto o tapente extenso por debaixo dos pés; segundo: foi porque um dia os abriste que a savana se inundou de lágrimas que apesar de invisíveis se sabem também detonadoras; terceiro: é no fundo justiça que fazes ao vivido da tua vida violada por tantos actos cacofónicos como estas últimas palavras. E eu lamento(-te), por saber que é parte que perdes de ti, da tua coisidade.
O respeito às lendas trago-o nas costas, para que um dia possa aliviar-me do seu peso. Será prova irrefutável, quando a maré te devolver à terra que julgas abandonar (tão triste aquele que julga encontrar no mar o que não lhe chega em terra). E no dia que voltares sem fôlego à tua espera estarão todos os propositados desencontros, sem uma sequer palavra de recriminação. Serás tu a recriminar-te.
Quem sabe, então... talvez reviva o gesto já explorado desta vez numa dimensão absurda, igual às histórias infinitas de suspiro e desejo comuns a todos (que nunca lhes tocaram).

1 comentários:

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Erradicar cualquier palabra de la boca. Sellar los labios y mirar de frente al interlocutor. Muy fijamente.

El mejor reproche que se puede hacer cuando nos hieren.