Ele corta com violência as cordas, primeiro a dos pés, depois a das mãos quentes com um impaciente sangue. E para terminar solta-lhe o peito. Sente bater nos dedos o primeiro sopro, como uma onda na margem.
E treme.
Rainer Maria Rilke
Eu sou o anjo do desespero. Das minhas mãos distribuo a embriaguês, a estupefacção, o esquecimento, gozo e tormento dos corpos. Meu discurso é o silêncio, meu canto o grito. À sombra das minhas asas mora o terror. Minha esperança é o último suspiro. Minha esperança é a primeira batalha. Eu sou a faca com que o morto arromba o seu caixão. Eu sou aquele que será. Meu descolar é a sublevação, meu céu o abismo de amanhã. [Heiner Müller]
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