Pode não ler. Pode, se quiser, fechar os olhos, dormir. Ou só olhar em volta. O quê, quem: os outros condenados. Irmãos em sorte e miséria.
Tenha tanta pena deles como a que eles mesmos estão a ter, deles e de si, neste momento.
Rui Caeiro
Eu sou o anjo do desespero. Das minhas mãos distribuo a embriaguês, a estupefacção, o esquecimento, gozo e tormento dos corpos. Meu discurso é o silêncio, meu canto o grito. À sombra das minhas asas mora o terror. Minha esperança é o último suspiro. Minha esperança é a primeira batalha. Eu sou a faca com que o morto arromba o seu caixão. Eu sou aquele que será. Meu descolar é a sublevação, meu céu o abismo de amanhã. [Heiner Müller]
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