Não vai doer. É bater de frente com a morte. Olhar a silhueta das asas de um anjo. Ácido na língua. Mãos apertadas nos joelhos à espera da solução para os vícios. Não dói nada. Sou uma fada de botas da tropa. É o meu delírio sempre a horas certas dentro de um aquário híbrido. Estranhar ser pessoa. Estranhar ter crescido. Ter de ser crescida. Sem pele. Coleccionadora de vestidos que não posso vestir. É incrível como a torre pode cair. Devia, antes de saber se caio, demolir um assunto grande. Só para assistir à cadência. Como com as estrelas, mas sem desejar. Não vai doer. É só uma luz muito aguda.



Patrícia Baltazar

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