Eu dormia muito abaixo do nível das tempestades.movia-me dentro da cor e da música como dentro de um diamante-mar. 


Não havia correntes de pensamentos, apenas a carícia- fluxo- desejo misturando-se, tocando, afastando, vagueando - no abismo infinito da paz.

Sentia apenas a carícia de mover-me - de passar para um outro corpo - absorvida e perdida dentro da carne de outrem, embalada pelo ritmo da água, pela lenta palpitação dos sentidos, pelo deslizar da seda.

Amando sem consciência, movendo-me sem esforço, numa corrente branda de água e de desejo, respirando num êxtase de dissolução.

Acordei de madrugada, atirada para uma rocha, esqueleto de um barco sufocado nas suas próprias velas.


Anaïs Nin


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