Ao vento arremessamos as verdades que doem
e as palavras que ferem.
Da noite que nos gera, e nós amamos,
só os astros trazemos.
A treva ficou onde
todos guardamos a certeza oculta
do que nós não dizemos,
mas que somos.
José Carlos Ary dos Santos
Eu sou o anjo do desespero. Das minhas mãos distribuo a embriaguês, a estupefacção, o esquecimento, gozo e tormento dos corpos. Meu discurso é o silêncio, meu canto o grito. À sombra das minhas asas mora o terror. Minha esperança é o último suspiro. Minha esperança é a primeira batalha. Eu sou a faca com que o morto arromba o seu caixão. Eu sou aquele que será. Meu descolar é a sublevação, meu céu o abismo de amanhã. [Heiner Müller]
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