REVELAÇÃO




se me ofereces apenas a saudade, vejo-te em cores consumidas pelo preto.
se o vento me diz que te foste, deixo-me consumir pelo seu sopro.
então, cumpro o meu destino, herdeiro gélido do vazio e caio na noite como se fosse a névoa escura que me tolhe, num manto esmagador onde estala a firmeza da culpa, num grito mudo que me garante recusar a posteridade ao meu estertor.

o tempo virou mortalha onde me enlaço perdido, sem cordas vocais que entoem cânticos de lamento, sem músculos que se retesem, detendo o esvair da vida.
Morro porque já não acontece.

(…)

3 comentários:

Daniel Marinha disse...

Denso e belo.
"se me ofereces apenas a saudade"...
Que mais há a oferecer?

João C. Santos disse...

Nevoa dos sonhos. Assim leio as palavras que ditas aos pulsos...

"Morro porque já não acontece."

Deixa de acontecer em cada dia que passa.

João C. Santos disse...

Nevoa dos sonhos. Assim leio as palavras que ditas aos pulsos...

"Morro porque já não acontece."

Deixa de acontecer em cada dia que passa.