
(...)
será que entendes o enigma que sem saberes sou eu para ti? Será que alguma vez leste na minha pele toda a evidência, ao ponto de te embriagares, de quebrares muros, resistências, análises, trancas, algemas, receios talvez inúteis de brisas talvez fecundas?
Tu que te estatelas agora no céu de cada noite deserta, será que algum dia tornarás a ler o céu no chão? Será que em alguma papelaria escondida na cidade, encontrarei um dia um mapa para te ler sem te sufocar? Tu que me tropeças cada passo, será que tens ainda em ti, o único pulmão que já me fez respirar?
Vivo apenas uma praia oca. Nem areia tem. A primeira duna é árida e semelhante à última. Nada sei de mim. Mas sei quem tu és. És a única pergunta que não formulei. Será que ao menos sabes que eu não sei?
Manuel Cintra
4 comentários:
eterno desafio da procura ao entendimento..., muito bom o seu texto.
Que belo texto. Gostei bastante.
Beijos
sufôco.
(ainda procuro as palavras)
Será que um dia te perderás no labirinto de arbustos altos, densos e perfumados? Se calhar não...
Foi um prazer ler este texto.
Enviar um comentário