"no princípio era...

não dormia sem o escuro absoluto, doíam-lhe os olhos de ter visto cidades, de ter esquecido gente, do frio do vidro nas palavras. Demorava tanto a entender o mundo que agora não dormia de muita luz que as coisas tinham antes sequer de serem suas. Trabalhava-se tanto nesse lugar onde vivia com outros como ela, que às vezes pensava: tão estranho nascer (quer dizer, nascer mesmo, estar aqui) para o dia passado com estranhos. E por isso, no princípio, não dormia sem procurar o amor, sem beijar na testa a noite que acabava serena e exausta como a noite.

No princípio era. Depois esvaziou-se com cuidado."

CONVITE



REBENTAÇÃO


a salinidade imaginária
dá um alento redobrado ao mel dos nossos sentidos.

torna-o prolífero num farto desejo
desaguando em ti
cada gota cristalina do meu mar.