Como tu Queiras

Como queiras, Amor, como tu queiras.

Entregue a ti, a tudo me abandono,
seguro e certo, num terror tranqüilo.
A tudo quanto espero e quanto temo, entregue a ti,

Amor, eu me dedico.
Nada há que eu não conheça, que eu não saiba
e nada, não, ainda há por que eu não espere
como de quem ser vida é ter destino.
As pequeninas coisas da maldade, a fria
tão tenebrosa divisão do medo
em que os homens se mordem com rosnidos

de mal contente crueldade imunda,
eu sei quanto me aguarda, me deseja,
e sei até quanto ela a mim me atrai.

Como queiras, Amor, como tu queiras.


De frágil que és, não poderás salvar-me.
Tua nobreza, essa ternura tépida
quais olhos marejados, carne entreaberta,
será só escárnio, ou, pior, um vão sorriso
em lábios que se fecham como olhares de raiva.
Não poderás salvar-me, nem salvar-te.
Será mais duro que morrer, talvez.
Apenas como queiras ficaremos vivos.
Será mais duro que morrer, talvez.
Entregue a ti, porém, eu me dedico
àquele amor por qual fui homem, posse
e uma tão extrema sujeição de tudo.

Como tu queiras, Amor, como tu queiras.


Jorge de Sena


VEJAM BEM A FOTO DA RITA


TRATA-SE DE UM DASAPARECIMENTO OCORRIDO NA PASSADA SEXTA-FEIRA DIA 17/01/2006 POR VOLTA DAS 9 HORAS DA MANHÃ, JUNTO AO CAFE INTERNACIONAL EM MATOSINHOS NA PARAGEM DO METRO.



Contactos (horário laboral):
Jose Fortuna
Grupolis Transitários, Lda
Rua do Castanhal, Nº29
Zona Industrial da Maia 1 - Sector II
4475-122 Gemunde
Portugal



Tel: +351 229 470 290


Fax: +351 229 966 718


jfortuna@grupolis.pt

Conversa com a Morte

Morte, preciso de falar contigo.
Vamos ter uma conversa de mulher para mulher.
Chamo-te mulher apenas por ser a única personificação de figura humana com quem imagino possível este diálogo.
Um diálogo por definição, porém, obriga à existência física, telefónica, escrita ou virtual de pelo menos dois interlocutores, que falam, nas mais diversas acepções da comunicação, e respondem às perguntas um do outro, nas mais diversas acepções da linguagem, pelo que será tudo, menos pragmático, o monólogo interior que se segue.

Como é que tu és, Morte?
Serás tu bela e sedutora, como uma feiticeira de magia negra que faz um caldo de poções para ocultar a sua fealdade diante do seu fiel espelho?
Ou serás tu perturbada e obcecada por homens que amam mulheres mais bonitas do que tu?
Sejas tu como fores, não te receio. Antes te aceito e respeito por seres como és.

Onde é que tu estás, Morte?
Estarás tu mesmo aqui atrás de mim, vigiando o meu desassossego, velando pela minha inquietude?
Ou estarás tu lá fora, espiando-me como um agente de polícia municipal mal disfarçado à civil?
Estejas tu onde estiveres, não me assustas. Antes despertas a minha curiosidade, por não seres demasiado óbvia.

O que é que tu tens, Morte?
Terás tu um norte e um sul, como todas as coisas suspensas na gravidade?
Ou terás tu perdido o rumo do fio de prumo que recto te suga para o teu próprio fundo?
Tenhas tu o que tiveres, não te invejo. Antes te cobiço.

Que formas é que tu assumes, Morte?
Poderá ser a forma de um anjo assexuado, cujo centro do corpo não tem umbigo?
Ou poderá ser a forma de uma bruxa, que atravessa o céu numa vassoura sem pau levando toda a poeira da terra no seu chapéu bicudo?
Assumas tu as formas que assumires, não te reconheço. Antes te disfarço.

Quem te gerou, Morte?
Terá sido uma Eva que comeu uma maçã e foi mordida por um Adão?
Ou terá sido uma cobra venenosa que mudou de pele fora de estação?
Seja lá quem for que te deu vida, o que é um coisa por si só horrível de se dizer, não tem perdão.
Antes devia subscrever a teoria dos contrários, pois não há maior incoerência.

Porque é que te escondes no momento de carregares mais uma vítima?
Será por receio de seres vista e apareceres nas capas das revistas sociais femininas?
Ou será por mera cobardia, antipatia e falsa hipocrisia?
Seja lá qual for a razão do teu esconderijo, sei que és muito vaidosa e que deliras com o share de audiências que consegues atrair (embora isso não passe de um mero fenómeno de psicologia de massas).
Sei também que és narcisista. Tu não sabes é que, ao elevares o teu ego, esse amor próprio e elevada auto – estima aceleram a tua destruição.
Agora que já sabes, aproveita.

Aviso à Navegação


D' "As Palavras Por Dentro", da "Autópsia da Decadência", dos escribas de palavras e autópsias, dos amigos dos escribas das palavras e das autópsias, tudo na recolha diária do Leitor Compulsivo.
Para quem quer aproveitar o pouco tempo que tem para outras coisas a não ser andar perdido em navegações.
Serviço público, portanto...


pedra sobre pedras
MARÇO,25
para quem me ilumina
minhas palavras como Pedra sobre as Pedras a caminho do reino do entendimento.
o que nos ilumina jamais poderá ser o que nos consome.
aconchega-nos no calor do sentimento.
jamais nos reduz a cinza com o inferno da posse!

whisper




sweety moon,
wispering moon,
send a wishfull pray
to there
to her
and stay

in her eyes
a truly sky,
sending my fears away.

may the breath of my wisper
be the temple of her hapiness.
may the beat
of my heart
be the nest of her soul.


My hearts is yours, my precious Princess...


a_mar


beija-me,
beija-me o primeiro beijo uma vez mais.
fecha os olhos em antecipação
do frémito do corpo que amaste um dia,
desenha-lhe agora hálitos confusos,
serpentinas no tempo,
espirais de vontade.
cala-me os lábios com um sorriso
e depois, calmamente, com cuidado,
descola-te de mim sem adeus.
ou façamos um beijo desesperado,
desalmado.
só corpos
suemos cascatas de prazer sentido
no limite da consciência,
ou percamo-la, até.
beija-me
como se a memória fosse a última das derrotas,
beija-me no presente,
por quem sou.
beija-me então sem sentido,
sem rectidão, dá-me o beijo imoral.
beija-me ao engano,
perde-te por mim fora e oferece-me aos deuses da morte
se quiseres.
mas beija-me o primeiro beijo.
e esse, por favor,
guarda-o só para mim.

iluminare




porque me iluminas
ouso para ti erguer as minhas retinas
contemplando-te bela,
minha bela, bem dentro da minha alma,
agora dada a meus olhos saborear!

vejo-te nos contornos da suavidade
ostentando as firmes cores de terra.
sem longe,
renego a distância.


para ti Princesa

Nova Morada

O "O Processo da Decadência" está agora no "acerca do ser e restantes coisas virtuais", junto com mais alguns blogs.
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Obrigado a todos,
Um abraço.
CT

Pergunta-me

Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda o minuto de cinzas
e despertas a ave magoada
que se queda na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoada
se se eras tu quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo a folha rasgada na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer

Mia Couto

cristal


enterra os teus medos para lá dos sete palmos que o hábito prediz.
ousa teu voo bem acima do firmamento.

não te fiques pela sedução das estrelas.

teu caminho está amorosamente no trilho do sétimo céu.

e por lá, cai o manto da noite
como se fosse amor...

os nossos receios já se foram.
meticulosamente reduzidos a estilhaços.
sem mácula.

Inominável

Nunca
dos nossos lábios aproximaste o ouvido;
nunca
ao nosso ouvido encostaste os lábios;
és o silencio,
o duro espesso impenetrável silêncio sem figura.
Escutamos, bebemos o silencio
Nas próprias mãos
E nada nos une
- nem sequer sabemos se tens nome.

Eugénio de Andrade

Lo que el destino nos depare

Intento armar de nuevo el camino que ha quedado hecho pedazos a mis pies para caminar con pasos firmes, no te das cuenta que busco tu mano en la oscuridad para tener de que sostenerme.

Y tu imaginas que el tiempo borrará los recuerdos, por algun extraño sortilegio padeceré amnesia selectiva y olvidaré por completo todo lo que tenga que ver contigo como si eso fuese posible.

No sabremos que nos depara el destino, ese que quiza a fuerza de torcerlo acabe mas distancia entre nosotros, pero aun asi quién logra eliminar tantos recuerdos y tantos deseos que se queda acumulados en algun lugar del corazón.

Habrá que esperar sin embargo lo que el destino nos tenga preparado.

viúva negra


Eu já não sei se o que me prende à teia
É a promessa do que nunca vem
Eu tenho medo de um dia acordar
E perceber que não amei ninguém.

Ah se eu pudesse me livrar de ti
Tudo eu faria sem pestanejar
Mas quantas vezes eu lhe disse adeus
E lhe deixei voltar.

Teu veneno se tornou o vício
O exercício da alucinação.
Como um diabo me faz rastejar
Uma deusa é minha salvação.

Eu já nem quero ver pra crer, Deus
Pra não saber a mortal que é
Muito pior do que perder você
Será perder a minha fé.

Talvez o tédio ame a loucura
Talvez a cura de outra solidão
A tua luz me atraiu à teia
E a tua teia atéia me traiu.

Mas o fascínio da viúva negra
É o veneno quando causa o amor
E o macho devorado aos poucos
Tem prazer na morte nunca dor.

Viúva Negra
(Eduardo Rangel)

Eis que me revejo neste deliciosamente canibalesco acto de amor
exacerbado até ao extremo de quem sente na pureza da emoção!
Eis que as palavras se armam em canção e entoam rezas divinas,
encantamentos firmes,
prenhes de devoção.

ao amor, como convém, como assim deve ser para o ser. sempre.
tocado pelos favores da perfeição.

Blow Out








In my mind
And nailed into my heels
All the time
Killing what I feel

And everything I touch
(all wrapped up in cotton wool)
(all wrapped up in sugar-coated pills)
Turns to stone

Everything I touch
(all wrapped up in cotton wool)
(all wrapped up in sugar-coated pills)
Turns to stone

I am fused
Just in case I blow out
I am glued
Just in case
I crack out

And everything
I touch turns to stone
Everything I touch
(all wrapped up in cotton wool)
(all wrapped up in sugar-coated pills)
Turns to stone

Radiohead